TREINAR COMPORTAMENTOS
De Jorge Araújo
Ex treinador profissional de basquetebol
Fui treinador profissional de basquetebol durante quase 40 anos. Mas esta minha experiência não é, (de modo algum!), exclusiva de um passado desportivo. Também a nível comunitário, na família, na escola primária ou secundária, na universidade, no clube ou na formação de quadros de uma empresa, treinar de um ponto de vista comportamental significa melhorar competências, modificar e diferenciar atitudes e comportamentos ao serviço do TODO a que pertencemos.
Trata-se de uma atividade que pressupõe informação e formação contínua, ensinar o esperado e principalmente, treinar e gerir o inesperado contido no dia-a-dia. Requer uma prática, (experimentação), daquilo que pretendemos ensinar, em condições tão ou mais exigentes que aquelas com que os formandos se vão confrontar na realidade.
A referência fundamental de quem treina a nível comportamental deve ser a atividade concreta para a qual se pretende preparar, naturalmente enquadrada pelos objetivos comuns a atingir.
“Sentimos” ao longo da nossa vida, com um determinado significado e de modo relacionado com a utilidade possível daquilo que observamos ou com que contactamos. Estamos abertos ao mundo que nos rodeia e simultaneamente dentro desse mundo como sujeitos ativos que influenciam e são influenciados. Estabelecemos ligações com os outros e as coisas que nos rodeiam, reagindo através do nosso corpo todo, um corpo que somos nós a vivê-lo. Através dessa condição corporal, vivenciamos e interagimos com tudo o que nos envolve.
Aliás, o nosso comportamento é justamente o nome dessa relação e acumulação de experiências, numa continuada circularidade entre o nosso corpo e o que vivemos e experimentamos. Uma aprendizagem e uma aquisição de uma determinada memória corporal e correspondente sabedoria comportamental. Sabedoria essa que significa, de forma continuada, a apreensão incorporada do que entendemos por aprendizagem e treno na área comportamental. Verdadeiro conjunto experiencial sustentado pela plasticidade corporal, projetando-nos no mundo enquanto unidade vital, sensorial e dinâmica, (como um todo), não fazendo sentido persistir na tese científica que perdurou durante anos e que reduzia a ordem humana às “fatias” correspondentes à anatomia, à fisiologia, à psicologia, à neurologia, à bioquímica, etc.
Somos seres vivos que atuam globalmente a nível físico, mental, emocional, social e espiritual.