Benfica, Sporting, F. C. Porto, que futebol?

De Jorge Araújo

Ex treinador profissional de basquetebol

Tem sido evidente a preocupação ou o prazer dos adeptos perante os resultados das respetivas equipas de futebol. Nesta modalidade, como noutras, Benfica, Sporting e F. C. Porto são assim motivos de observação e análise continuada. Por isso os adeptos reagem sempre com entusiasmo quando lhes são apresentados os designados reforços. E pensam naturalmente que quanto melhores os reforços, melhor a sua equipa. Mas será sempre assim?

A realidade com que vamos convivendo não o parece demonstrar! Aprofundemos um pouco esta questão. O que é uma equipa? Um conjunto de pessoas que interagem entre si ao serviço de objetivos comuns. Quando em equipa, estamos perante uma realidade social. O que significa que os respetivos jogadores ou jogadoras e treinadores ou treinadoras, como individualidades que são estão centradas quase sempre nas suas zonas de conforto, sentindo, (ou não!), a necessidade de cooperar ao serviço do respetivo clube. Diria que, por vezes sim e a sua equipa é um “todo maior que a soma das partes”. Tal como outras vezes “acontece” precisamente o contrário. Com as óbvias desilusões e consequentes críticas e desilusões.

Em geral, como pessoas que são, jogadores e treinadores comportam-se no respetivo exercício profissional “sentindo e fazendo sentir”, revelando comportamentos previamente adquiridos através de “um saber corporal” que expressa de forma continuada hábitos, crenças, valores, etc.

Enquanto membros de uma equipa, importa não esquecer que todos eles nasceram e viveram de forma continuada um conjunto de experiências que lhes foram permitindo “ser quem são” consoante o treino comportamental que lhes foi previamente proporcionado por Família, Escola, Universidade, Clube, Serviço Militar, etc.

São seres humanos, (Pessoas) que enquanto membros de uma equipa influenciam e são influenciados em toda a sua complexidade comportamental previamente adquirida; revelando assim conforme solicitados, competências, opiniões, etc.

Por vezes querem “ter razão”, não ouvindo nada nem ninguém ou, pelo contrário, revelando desde logo a capacidade necessária para se “fazerem ouvir” porque revelam a necessária atenção e cuidado com aqueles com quem comunicam. Com evidentes necessidades ao nível da sua respetiva Eficácia, Alinhamento, Organização, Competências, Foco. O que “obriga” a que numa equipa decorra um continuado controlo de execução que, com a periodicidade necessária, avalie se os resultados até então alcançados são correspondentes aos objetivos previamente apontados.

Estamos a ser eficazes? Qual o balanço existente entre objetivos propostos e resultados alcançados?

Estamos alinhados com os objetivos comuns? Ou, pelo contrário, impera o “cada um na sua”?

Estamos organizados? As tarefas de cada um estão claras e bem definidas, será que estamos coletivamente organizados?

Possuímos as competências necessárias? Temos de ensinar e melhorar gradualmente ou, face à urgência da necessidade temos de recrutar?

Estamos focados e empenhados? Temos concentração coletiva e empenho quanto necessário? Cada membro da equipa está comprometido com o objetivo comum previamente definido para ser alcançado? Todos os membros da equipa revelam empenho e, se necessário, capacidade de sacrifício ao serviço dos objetivos a alcançar pela equipa?

Mas atenção! Tudo isto só se tornará possível quando nessas equipas emergir uma liderança capaz de inspirar e mobilizar uma significativa expressão coletiva; onde todos os respetivos membros, líder incluído, demonstrem em cada momento uma total disponibilidade para “servir o todo”, mais do que “se servirem do coletivo” a que pertencem. Líder esse que organiza, define tarefas, ensina como fazer, acompanha e dá feedback continuado, controla periodicamente a execução daqueles que lidera, ouve e questiona. Recruta se necessário, conforme as necessidades reveladas pela equipa em cada momento.

Quanto à equipa possui “fatores críticos de sucesso”. Em particular, os sempre verificáveis conflitos relacionais que “impõem” a criação de um clima social assente em confiança mútua e um cada vez maior compromisso com os objetivos comuns a alcançar. Também um controlo periódico da execução e das metas previamente apontadas. Urge afinal cumprir de forma continuada um desejado processo de Melhoria Contínua.

 

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