De Jorge Araújo
Team Work Consultores
Ao longo dos 28 anos da nossa atividade como treinadores na área comportamental, muito se tem especulado ao redor do porquê da nossa abordagem metodológica ter como base o treino, (atividades comportamentais) e não propriamente a formação, (abordagem de conhecimentos). Melhor dizendo, porquê preferenciarmos o que designamos como “aprender a fazer, fazendo”, (o treino), em relação à simples aquisição cognitiva de conhecimentos, (a formação). E ainda, porque razão insistimos tanto com a designada melhoria contínua, inclusive, persistindo na ideia que “quem não melhora, piora”.
Pois bem, encontrámos finalmente um autor que consegue resumir muito bem o que pretendemos concretizar desde 1997. Refiro-me a David Bueno, neurocientista catalão, na sua obra “El arte de ser humanos”, (Editorial Planeta, 2025). Na página 195, diz, “jogar implica poder repetir uma atividade ou uma ação várias vezes, adquirindo na experiência de cada repetição o poder fazer cada vez melhor.” Elucidada assim a importância contida na repetição de experiências como forma de melhorar gradualmente. Mas não só. Na página 196 afirma que é igualmente importante, “o jogar em interação com outras pessoas, de maneira social e socializadora”. Ressaltando que não é só o simples ato de treinar que torna importante a generalidade das atividades comportamentais. Mas também o fato de decorrerem em equipa que “gera satisfação e sensações de recompensa pelas aprendizagens e experiências que se adquirem e que nos permite antecipar recompensas futuras que nos incentivarão a continuar jogando”. Ou seja, não é só o fato da aprendizagem comportamental dever decorrer segundo uma orientação prática, experiencial, mas ainda que também todas essas atividades devem estar associadas à vivência em equipa. E o autor continua, “uma série de desafios, decisões e experiências que, tal como num jogo, requerem reflexão, adaptabilidade, perseverança, tudo isto enquanto aprendemos com os erros e sucessos”. Continuando, “implica criatividade e capacidade de abstração, uma atitude mais lúcida e flexível perante as dificuldades, incentivando a ver os obstáculos como oportunidades”. Complementando que a “atividade física estimula a resiliência”. “A resiliência é a capacidade de enfrentar e adaptar-nos a situações diversas, traumas e desafios “. “Uma atividade cognitiva crucial que nos permite superar dificuldades e também favorece o nosso desenvolvimento”. Na página 194 acrescenta que essas atividades físicas “devem ser consideradas uma arte, tal como o teatro e a dança”. “Jogar deve ser associada a uma arte, pois fomenta a resolução de problemas, a criatividade, o pensamento divergente e a colaboração, exige pensar de maneira flexível e adaptável relativamente àqueles com quem nos relacionamos”. “Jogar não é só uma atividade divertida.” “Permite-nos aprender e interagir com o meio envolvente, com outras pessoas e connosco próprios, explorando e potenciando as nossas habilidades mentais, corporais e sociais.”
Reforça ainda nas páginas 181 e 182, “Cada momento de superação, por pequeno que seja, reforça a autoconfiança”. “Tomar decisões rápidas e adaptarem-se ao imprevisto”. “Resolver problemas, treina mentes flexíveis e criativas, capazes de soluções inovadoras”. “Explorar e expressar emoções intensas, ajuda a conviver com as emoções e desenvolve a resiliência emocional”.