LIDERAR EQUIPAS DE ALTO RENDIMENTO
De Jorge Araújo
Ex treinador profissional de basquetebol
Quem lidera equipas de alto rendimento precisa, antes do mais, de ter bem claro que aqueles que dirige são pessoas, não recursos humanos como habitualmente as designam.
Pessoas que interagem entre si ao serviço de objetivos comuns.
Desde logo, um contexto coletivo com enorme complexidade relacional, pois cada pessoa de uma equipa, líder incluído, tem objetivos de afirmação individual.
Mas não só!
Estão sempre a comunicar uns com os outros, (mesmo quando não falam). Quando em equipa e de forma continuada, automática e inconsciente, os membros de uma equipa de alto rendimento influenciam e são influenciados. Tal como estando todos ao serviço de objetivos comuns, em determinados momentos e sem qualquer tipo de exceção, (líder incluído!), pertence a cada um dedicar à equipa e aos seus companheiros os sacrifícios necessários.
Para que o “todo seja maior que a soma das partes”, numa equipa de alto rendimento impõe-se a necessidade de, (com alguma insistência!), todos servirem o coletivo em vez de o inverso. O que implica que quem lidera seja, não só um especialista ao nível das respetivas exigências operacionais e técnicas, mas também competente no âmbito comportamental. A um líder de uma equipa de alto rendimento tem de ser exigido conseguir ser o exemplo mobilizador e inspirador de uma “vontade” coletiva comum.
Repito!
Estamos perante uma enorme complexidade que exige a quem lidera que consiga que pessoas naturalmente concentradas nos seus interesses particulares, sirvam a equipa e respetivos objetivos comuns, trabalhando em equipa. Para além disso, todas estas equipas, sejam desportivas ou empresariais, têm sempre uma determinada evolução temporal.
Formam-se, revelam Conflitos relacionais, “resolvem-nos” e Normalizam de um ponto de vista relacional, “entrando” em seguida numa fase de Rendimento. Evolução esta naturalmente muito sensível e dependente de quatro variáveis, como sejam, a Liderança, a Gestão Operacional, as Relações entre membros da equipa e o Meio ambiente.
Qualquer equipa de Alto Rendimento necessita conseguir ultrapassar de forma continuada os designados “fatores críticos de sucesso”. Respetivamente, Conflitos relacionais, ser capaz de “construir” relações pessoais de Confiança mútua e Compromisso com Objetivos Comuns, Controlar de forma continuada a respetiva execução e Melhorar de modo continuado.
Quem não melhora, piora!
Razão porque, para que essa melhoria continuada seja uma realidade, um líder de uma Equipa de Alto Rendimento tem de comportar-se diariamente focado nas suas tarefas, esforçado e apaixonado pelo que faz, competente a nível técnico e comportamental. Mas, principalmente, ser capaz de proporcionar de forma complementar nos diferentes momentos de vida coletiva, algo decisivo e necessário a cada membro em particular, tal como ao todo da equipa. Refiro-me a que as pessoas, membros da equipa, precisam de forma gradual e complementar de um apoio constante do líder a nível físico, mental, social, emocional e espiritual.
Muitas razões a ilustrarem que não é fácil ser líder de uma equipa de alto rendimento! E se provas faltassem, a nossa realidade desportiva e empresarial vai demonstrando isso mesmo. São muito poucos os que conseguem ser eficazes nos respetivos desempenhos…
O dr. Fernando Gomes conseguiu demonstrar de forma exemplar que, sendo difícil, não é impossível.
Aqui fica o meu reconhecimento.
Jorge Araújo